Avivamento e Ação Social
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Atos 4.32-35
Introdução
Alguns anos atrás, os irmãos de uma igreja em Guarapari no litoral do Espírito Santo, sentiram-se incomodados com a situação de uma pobre viúva que não tinha onde morar. Apesar de serem, em as maioria, pessoas de baixa renda, se uniram para construir uma casa aquela mulher.
Depois de alguns meses entregaram a casa pronta a mulher, e todos foram tomados por especial comoção.
Um dos diáconos, o que mais se empenhou para a construção da casa, declarou ao pastor daquela igreja: “Eu sou crente há mais de cinquenta anos! Tenho estado no Evangelho toda minha vida! E é a primeira vez que vejo um avivamento espiritual!”
Talvez sejamos tendentes a pensar em avivamento que desabroche em adoração e cultos arrebatadores. Mas pode ser que não haja avivamento mais belo do que aquele que acontece no ambiente de sensibilização e a doação em favor do outro, por uma causa comum.
O texto que lemos nos mostra que avivamento está estreitamente relacionado a esta mutualidade no sentir e agir.
1. Exemplos do Novo Testamento
A igreja primitiva tinha muito claro a necessidade de agir em favor do outro, se atentando especialmente as carências materiais.
Foi assim logo após ao pentecostes (Atos 2.42-47)
E não mudou nos meses seguintes (Atos 4.32-35)
Dorcas se destacou por costurar para viúvas (Atos 9.36-41)
E Barnabé por disponibilizar seus recursos para os irmãos (Atos 4.36, 37)
O diaconato foi instituído para tratar da beneficência (Atos 6.1-4)
E as igrejas espalhadas pelo império Romano enviaram ofertas para os cristãos de Jerusalém (Atos 11.27-30)
Não havia entre os crentes a ideia de que uma igreja pudesse ser sadia espiritualmente sem se importar com as carências das pessoas.
Uma igreja avivada é uma igreja que socorre.
O apóstolo Tiago escreve: “Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: "Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se", sem porém lhe dar nada, de que adianta isso?” (Tiago 2.15, 16)
E João acrescenta: “Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (I João 3.17)
Há destaques bíblicos contundentes de que esta seja, sem sombra de dúvida, algo em que a igreja deve se ocupar para demonstrar e alimentar o avivamento.
2. Exemplos do Antigo Testamento
De alguma forma a prática da igreja primitiva seguiu o exemplo de uma tradição que vinha desde suas linhagens mais antigas.
Abraão era um indivíduo hospitaleiro (Gênesis 18.1-5)
Jó se ocupava dos pobres (Jó 29.11-16)
José sendo um homem cheio do Espírito salvou muitas nações da fome (Gênesis 41.33-39)
Moisés, orientado por Deus, promulgou leis de amparo social (Levítico 19.9, 10)
Daniel e seus amigos fizeram questão de participarem do governo babilônico, pois sabiam que sua fé e conduta podiam fazer diferença na sociedade de sua época (Daniel 2.48, 49)
O Antigo Testamento estabelece uma correlação entre o avivamento e o serviço social.
Isaías declarou que sacrifícios não agradavam tanto a Deus como a justiça e a beneficência (Isaías 1.11-17)
Depois isto foi corroborado por Miquéias (Miquéias 6.6-8) e Zacarias (Zacarias 7.5-10)
Segundo todos estes escritores Bíblicos o padrão pelo qual a espiritualidade pode ser medida é o cuidado revelado no dia a dia, aos seres humanos que o Senhor ama.
3. Esfriamento e indiferença
Numa das tirinhas de Charles Shulz, Snoopy está sentido frio por causa de uma tempestade de neve. Charlie Brow e Linus estão muito agasalhados e, vendo Snoopy com frio, decidem ir animá-lo. Se aproximam e dizem: “Anime-se Snoopy, anime-se” e vão embora.
Snoopy fica pensando, o que poderia ter significado aquele encontro.
Referindo-se aos dias que antecederiam sua volta, Jesus afirma: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” (Mateus 24.12)
Conseguimos perceber no mundo uma série de movimentos, organizações e ações em favor do outro. Ao menos uma minoria parecem se importar com as carências do semelhante.
Porém infelizmente parte destes sustentam uma propaganda e não uma ação real.
A igreja precisa demonstrar amor além de um discurso bem intencionado.
João escreve: “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade”. (I João 3.18)
O aquecimento de nossa fé lançará por terra a indiferença.
O serviço social da igreja deve ser reflexo da ação do Espírito Santo, amando o que Deus ama e tendo compaixão pelo que Ele tem.
4. Avivamento e Ação Social
Temos clamado por um avivamento pessoal.
Devemos estar prontos para fortalecer ainda mais nossas ações em favor dos que precisam.
Pois uma vez que nossa fé tenha sido despertada, não poderemos mais ser prisioneiros do egoísmo.
Eis algumas das ações que podemos intensificar:
a) Tomemos a iniciativa de ajudar aqueles que estão perto de nós
Nossos familiares e os domésticos da fé devem ser os primeiros a receber nossa compaixão e ação.
b) Apoiemos os programas sociais de nossa igreja
Algo que tem me dado alegria é perceber o envolvimento cada vez mais envolvido das pessoas da igreja com a Ação Social.
É a comissão que mais tem crescido nos últimos anos.
Certamente resposta da necessidade que se percebe em nossa realidade.
c) Influenciemos na construção de uma sociedade mais justa
Todo crente é um cidadão de duas pátrias, e por isso devemos orar pelas autoridades e cumprir com nossos deveres cívicos.
Conclusão
Pessoas cheias do Espírito não vivem para si mesmas – elas vivem para servir a Deus e ao próximo.
A partir do instante em que houver no nosso coração uma disposição sincera de abençoar vidas em nome de Jesus, o Senhor nos mostrará as maneiras pelas quais poderemos ser úteis. Então grandes coisas acontecerão.
(Baseado numa série de estudos –
Pr. Marcelo Aguiar)